Keizan Jokin Daioshô (1268-1325)
Quando um monge
recebe a transmissão, o título dele passa a ser "Osho". Por exemplo “Genshô
Osho”. Quando esse monge morre, e tem linhagem, ou seja, transmitiu o Dharma, normalmente se escreve Daioshô (Grande Mestre). A
ordem monástica geralmente é assim: Rikidô San é postulante à monge, então ele
fica sofrendo nas mãos do professor até a ordenação a Jôza, que é noviço.
Depois da ordenação a Jôza, o noviço, se indicado, vai fazer o combate do Dharma
ou Hossenshiki, que é a candidatura
atual do Monge Komyô, que já está sendo instruído para fazer esta graduação. A partir daí ele torna-se Zagen, e se receber a
transmissão torna-se Osho. Daí a importância de quando recitamos os nomes dos Grandes Mestres - “Daioshô” - na recitação da manhã, pois nos relembra a história da transmissão da lâmpada, a
transmissão da luz.
Keizan Jokin Daioshô
é um grande mestre para nós porque, ao passo que Eihei
Dogen trouxe o Soto Zen da China para o Japão, Keizan foi aquele que efetivamente espalhou o Zen por todo aquele arquipélago. Muitos monges de outras ordens, das escolas mais variadas
passaram a ser alunos de Keizan, e trouxeram com eles seus templos, e então o Zen
cresceu.
Keizan fez uma adaptação do
Zen de Dogen, que era muito puro, ligado à prática dos tempos de Shakyamuni
Buda, como estamos fazendo aqui: zazen, ensinamento e, na realidade, muito pouca
cerimônia. Keizan adaptou o Zen às demandas cerimoniais do povo japonês, que
tinha muitas ligações, muitos rituais para os mortos e deidades xamânicas, e
assim surgiu a forma que é chamada de Shinto Budismo. Trata-se do budismo japonês,
que tem muitos elementos que vêm do xintoísmo, que estão na prática, grandemente
expurgados na nossa prática ocidental porque eles não têm nada a ver conosco.
Mas teria a ver conosco usar elementos da cultura brasileira ou das crenças
brasileiras se houvesse uma necessidade de um sincretismo. Contudo, ao menos na
mentalidade do nosso povo de hoje, não há essa demanda de sincretismo, de trazer
os santos, etc. e outros elementos das religiões presentes no Ocidente para
dentro do Zen.
N.E.: transcrição de palestra proferida por Monge Genshô Oshô em novembro de 2016, Florianópolis.