Você pode olhar para trás
e pensar: “como eu era com 20 anos?”, “eu faria as mesmas coisas que fiz antes
com a cabeça de hoje?”, de jeito nenhum, porque você mudou. Sua próxima
manifestação vai de alguma forma procurar a família, o país e as condições que
repetem aquilo que você já é. Nós vivemos presos num processo de repetição. Não
tem porque você ter medo da morte, porque vai acontecer simplesmente a continuação.
É muito importante o momento em que você morre, porque ele determina a próxima
manifestação, então você tem que estar preparado. O bom mesmo para mim seria
morrer no sesshin (retiro), com essa mente, então me manifestaria num mundo propício para
continuar essa mente.
Há uma história de um
Monge, que não é da nossa escola, mas que era professor de Karatê. Ele perdeu a
esposa, voltou para o Japão e se tornou Monge. Voltou para o Brasil, estava em
Brasília e de manhã foi tocar o sino do templo. A dinâmica é: toca-se o sino,
você faz prostração, dois minutos depois se levanta, toca novamente e faz outra
prostração. Enquanto ele fazia uma das prostrações ele morreu e o acharam ali,
naquela posição da prostração. O que vocês acham dessa morte? Boa, não é
verdade? Então, uma boa morte para vocês.
[Trecho de palestra proferida por Monge Genshô Sensei]