sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O Movimento Mahayana (Parte 02)



O ideal anterior era o Arhat, aquele que ilumina a si mesmo, como um asceta que vai para a montanha, medita, liberta-se, morre e está liberto. Derrotou todos os inimigos e todas as paixões. Mas isso é para ele.

O mahayana tem outro ideal: o ideal do mahayana é o Bodhisattva, não é o Arhat, não é o herói solitário. O ideal do mahayana é o barqueiro, aquele que transporta os outros de uma margem para a outra no rio da ignorância, que atravessa o rio para a margem da sabedoria. Por isso “maha prajna paramita”. “Maha” quer dizer “grande”. “Pranja” quer dizer “sabedoria”. “Paramita” quer dizer “da outra margem”. E esse é o título de uma importante coleção de Sutras.

Os Sutras Prajna Paramita são aproximadamente 600. Nenhum deles é do tempo de Buda, todos eles são posteriores, portanto não entram na coleção do cânone das escolas fundamentais, mas entram em todo o movimento mahayana que se espalha pela China, Japão, Tibete e ocidente agora.

O ocidente é produto deste grande movimento que se volta para os leigos e diminui o papel dos monges. Como? Dizendo que os leigos podem se iluminar da mesma forma que os monges, quando a ideia anterior para um leigo era: “eu apenas dou comida para um monge, numa próxima vida talvez eu venha a ser monge e possa me iluminar, enquanto nesta vida sou só um leigo, no máximo eu posso apoiar a sangha budista”.

Por isso, no conceito da escola Theravada, por exemplo, que é a única sobrevivente que se baseia no canon páli, sangha é só a sangha dos monges. Você se apoia na sangha dos monges, enquanto que todos os outros grupos não são sangha. Já no Zen a gente diz “a sangha” para toda a comunidade e não só para os monges, então incluímos os leigos. Essa grandes distinções marcam essa diferença entre um momento do budismo, o momento em que a sangha dos monges era a mais importante, para o momento da expansão do papel dos leigos e do seu crescimento.

(CONTINUA) 

[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]