"No novo artigo que apareceu hoje no site brasileiro de Ajahn Buddhadasa, chamado "Unidade na Diversidade", e que conta um pouco da amizade entre Tan Ajahn e um grande amigo muçulmano, este diz das dificuldades de ir visitar o mestre:
"Nós tivemos que pegar um trem de Bangkok e chegamos em Chaiya às 4:00h da manhã. Phra Kuang e eu tivemos que esperar na estação até estar claro o suficiente. Então caminhamos através dos campos e florestas. Era a estação chuvosa, e de vez em quando tinhamos que atravessar águas chegando até a nossos peitos. Mas eu nunca pensei em desistir.”
"Eu costumava subir o Phu Kradueng em Loei quando ainda era uma selva. Aquilo era realmente difícil - mas no topo das colinas, o ar fresco e puro me fazia sentir como se eu estivesse em outro mundo, e todo o cansaço ia embora.”
"Eu tive que caminhar muito tempo antes que alcançasse Suan Mokkh, mas não me sentia nada cansado. Eu fui confortado pelo pensamento de que eu iria obter um discernimento do Dhamma de um monge cujas idéias eram muito diferentes do que eu tinha ouvido, como se as dele pertencessem a um outro mundo".
"Entretanto hoje as pessoas reclamam que o centro de Dharma mais próximo fica *só* no bairro vizinho. "Ah se tivesse um perto de casa! Aí eu frequentaria..."
No final das contas, podemos nos perguntar se é o Buddhismo que deve se abrir e difundir, ou se são as pessoas interessadas que devem se levantar de suas poltronas. Já escrevi sobre isso, aliás, em "O Que Se Fazer Quando Se Está Só". Se não há pessoas interessadas, ativas e dispostas, não seria questão de perguntar para quê então deveria o Buddhismo existir no Brasil? Existe uma idéia comum que diz que onde não há mérito o Dharma não se estabelece. Eu não gosto da palavra "mérito", mas a idéia por trás me parece verdadeira. Se não há um jarro, para quê despejar água no chão? O Dharma só é necessário porque existem pessoas interessadas nele. Abrir e difundir o Buddhismo só para que o "Buddhismo" continue existindo, é fazer do "Buddhismo" uma entidade merecedora de existência própria, independente de para quem ele se dirige."