Um grupo de criminosos invadiu o templo de um mestre zen, e revoltados com sua religião que não falava em deuses nem almas nem espíritos ameaçaram decapitá-lo. O mestre lhes respondeu:
- Está bem, mas por favor esperem até a manhã, tenho um trabalho a terminar.
Passada a noite, tendo bebido chá e desfrutado dele escreveu o mestre um poema simples em que comparava sua decapitação com uma brisa de primavera e a oferecia aos fanáticos como um presente.
Em poucas palavras, o mestre compreende bem a prática do zen.
Nos custa entender esta história porque estamos muito apegados em manter nossa cabeça em cima dos ombros. Não nos interessa em absoluto que nos cortem a cabeça. Queremos que a vida vá como desejamos. Se ela não vai como queremos nos revoltamos e ficamos confusos. Experimentar estes sentimentos não é mau em si mesmo mas a quem interessa uma vida dominada por eles?
Quando deixamos de prestar atenção ao momento presente e caímos na versão de "tenho que fazer do meu jeito" se cria uma brecha em nossa consciência da realidade neste exato instante. Por esta brecha entra todo o mal de nossa vida. Criamos uma brecha assim atrás da outra durante todo o dia.
O objetivo da prática do zen e fecha-las, reduzir a quantidade de tempo que passamos ausentes, amarrados a nosso sonho egocêntrico.
La vida tal como es-Enseñanzas zen
Charlotte Joko Beck con Steve Smith
Ed. Gaia-2008
(adaptado por Monge Genshô)