sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Bodhisattvas e a outra margem
Pergunta – Um monge é um bodhisattva?
Monge Genshô – Não exatamente, ele faz votos e tenta ser. Em muitas tradições existe uma distinção entre professor e monge. O professor não precisa fazer os votos de monge. Nas escolas japonesas, há mais de cento e quarenta anos, os monges zen passaram a se casar, talvez por isso fique mais difícil distinguir o monge do professor nessas escolas. A maioria dos monges não é professor.
Em um monastério por exemplo, admitem-se muitas pessoas, porém, uma pode haver uma pessoa com grande vocação monástica, que pode trabalhar por exemplo, recolhendo lenha, mas que pode não ter o conhecimento necessário para ser um professor. Acontece às vezes de uma pessoa ter sido monge por um período, depois larga o manto, mas continua estudando e torna-se professor. O monge é quem faz os votos e encontra-se dentro de uma carreira sacerdotal.
Pergunta – E o bodhisattva, é?
Monge Genshô – O bodhisatva em uma tradução literal significa “ser iluminado (que gerou uma mente de compaixão)”. Satva significa ser, e bodhi iluminação ( decorrentemente compassivo). Alguém que se dedica a libertar os outros. Pode ser qualquer pessoa, não necessariamente um monge.
Pergunta – Mas, quando no budismo se fala de alguém que ajuda os outros a atravessar a margem da ignorância, ele faz isso de forma consciente. Isso faz com que ele seja igual a quem ele ajuda?
Monge Genshô – Ele faz o voto de não ficar na margem da sabedoria enquanto houver pessoas no lado da ignorância. Ele se sacrifica pelos outros.
Pergunta – Isso não significa um ser iluminado, ele apenas fez o voto de ajudar outros seres?
Monge Genshô – Um bodhisattva tem pelo menos um grau de iluminação. Quando nos referimos a Buda, falamos de uma iluminação completa. Um determinado grau de iluminação não é algo tão difícil de ser alcançado e significa que a pessoa atingiu uma grande compreensão, lucidez e clareza da mente. Mas isso é apenas o primeiro passo.