Aluno – Como podemos
identificar o samadhi?
Monge Genshô – Você não está
elaborando nenhum pensamento, está ouvindo todos os sons presentes em volta,
está consciente de todos os sons que estão acontecendo, do lugar onde você
está, você está vendo, e você não está viajando, julgando ou elaborando
pensamentos, ou seguindo atrás de um pensamento, ou fazendo encadeamentos de
pensamentos. Você está realmente ali. Quando acontece isso, surge uma sensação
de contentamento. É a primeira sensação: contentamento. Depois ela é sucedida
por uma outra sensação, e se você vai mais fundo surge uma alegria, depois
dessa percepção de alegria surge uma sensação de maravilhamento. E existe um
momento em que essas consciências começam a desaparecer, todas elas, inclusive
essas sensações. Indo mais fundo, desaparece você mesmo, a
consciência do seu corpo desaparece, você está ali, você sabe que está, mas não
está fisicamente presente.
Então existe toda uma
sucessão de experiências. Todas são bastante interessantes de você ir se aprofundando e sentindo,
e podem surgir também sensações muito prazerosas, que fazem a pessoa querer
ficar naquele estado, mas não é o correto, você tem que continuar indo avante.
Porque sensação muito prazerosa dá vontade de você ficar naquele estágio, não
passar adiante.
Aluno – Parece que a gente
está se observando para ver isso, e quando faz a observação do sentimento você
perde.
Monge Genshô – Perde, perde
o samadhi.
Aluno – É um reconhecimento,
que se faz depois?
Monge Genshô – Você saberá,
é difícil ficar explicando sentimentos. Em geral a gente não explica. Há
alguns textos, mas em geral a gente não explica, o aluno vem e
conta para você, “'eu senti isso”, então você sabe como aconteceu pela descrição
dele. Você sabe o que está acontecendo. Assim, como quando uma pessoa vem
contar para você que está apaixonada, que está vivendo uma paixão ele
descreve a paixão, como ele se sente a respeito da outra pessoa. Se você já
esteve apaixonado alguma vez na sua vida, você reconhece aquele sentimento, “ah,
sei do que você está falando”. Então, por isso, o professor deve ter passado
por essas experiências para poder reconhecer no outro. É isso o que acontece.