Outro ponto que acontece é: limpamos
nossa mente, à medida que vão se acumulando zazens nós vamos limpando as
preocupações, porque estamos em outro mundo completamente diferente e como
estamos num mundo completamente diferente, vamos cortando nossos liames e ele
vai ficando distante, muito distante, e à medida que ele vai ficando distante
emocionalmente de nós, nós estamos aqui e a nossa preocupação fica realmente
aqui: “será que não esqueceram de bater o sino, este zazen não acaba, meu
joelho esta doendo." Então nossas preocupações voltam-se para o momento presente
e assim, nós nos desligamos daquele mundo lá fora e isso então nos permite uma
liberdade de espírito, uma limpeza, e esse é o primeiro passo.
Porque nós sentamos em zazen mesmo? Para
conseguir pelo menos samadi, uma boa concentração. E com uma boa concentração, criamos
um terreno na nossa mente que permite experiências mais profundas.
Algumas pessoas pensam que essas
experiências profundas são algo de extraordinário ou milagroso. Eu recebo
cartas de pessoas que viram raios fulgurantes ou viajaram para os confins do
universo, ou qualquer coisa assim.
Temos uma palavra em japonês para isso, makyo, que quer dizer ilusão, fantasia,
delírio, e os mestres costumam dizer isso na cara para o alunos, isso é makyo, não é nada, saia daqui.
Eu li uma pequena história de um homem
que foi falar com o mestre e disse que tinha tido uma dessas experiências
coloridas maravilhosas, que tinha viajado pelo espaço e chegado aos confins de
tudo, e o mestre disse que não era iluminação coisa nenhuma, que aquilo não
passava de ilusão da cabeça dele, e ele ficou muito desapontado. Mais tarde ele
estava na cozinha e tinha umas bergamotas, ele começou a comer uma bergamota
que estava maravilhosa e estava encantado sentindo o gosto da fruta. O mestre então
passou, olhou pra ele e disse: isto é iluminação.