segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sementes Cármicas




Aluno – A construção do ego está relacionada aos agregados, mas também ao carma que recebeu das vidas anteriores. Os elemento, raiva, orgulho, esses elementos contribuem na formação do ego?

Monge Genshô – O ego, se você só acredita nele,  é uma ilusão. Na sua mente, você vai alimentando sementes cármicas. Se você tem raiva, fica uma semente dentro de você. Você tem raiva de alguém e quando esse alguém aparece você não consegue olhar para ele direito, e se você abrir a boca você vai acabar dizendo alguma coisa venenosa. Então, a semente terá tido terreno e água para germinar. As sementes do carma amadurecem, podem não amadurecer nessa vida, pode ser na próxima, pode não dar tempo, mas o universo não esquece nada, tudo está sempre guardado. É como a energia. A lei da conservação da energia, nenhuma energia se perde, ela vai se dissipando, mas a quantidade de energia no universo é estável, ela pode mudar de forma, a energia pode ser matéria, pode ser outra coisa, mas ela é estável, e tudo o que aconteceu no passado deixa marcas, e nós podemos olhar e ver o passado através das marcas que eles deixaram, nós podemos ver a radiação de fundo do universo, que é o eco do big bang de 14 bilhões de anos atrás, está lá, tudo que nós fazemos deixa marcas, o universo não esquece nada.

Nós não podemos pensar que algo será esquecido, nada será esquecido. Nós deixamos marcas em nós mesmos, e essas marcas continuam. Por isso aquela frase “o tempo rapidamente se esvai e a oportunidade se perde”. Nós temos a oportunidade da vida agora, não podemos desperdiçar. No caso do casamento, cada momento não será esquecido, será lembrado, então temos que tomar cuidado a cada momento, de cada palavra que a gente diz, de cada pensamento que a gente tem, porque todos eles são sementes cármicas que vão frutificar. Aquilo que nós pensamos, um dia vai sair da nossa boca. As pessoas só dão aquilo que está transbordando. As pessoas só podem dar aquilo que lhes transborda. Isto não deve ser confundido com evitar se mostrar indignação com atos errados para que as pessoas tenham chance de um dia se corrigir, a simples admissão aí sim seria um erro sério, este tema é relevante na política e nas relações pessoais, na educação dos filhos etc... Por isto as referências ao "ensinamento irado" nos textos budistas, onde a severidade dos mestres é constantemente lembrada.