Aluno: as coisa são
diferentes, as pessoas são diferentes, um animal e um humano não podem conviver
na mesma casa, então o ideal é compreendermos as diferença. É diverso de
dizer que somos todos uma coisa só. Mas essas diferenças seriam impermanentes.
Monge Genshô: são impermanentes, mas no
mundo relativo elas são significativas. Por exemplo, as mulheres vivem mais que
os homens, e isso é um fato e deve se refletir na organização da sociedade. Um
homem pode ter 10 mil filhos, uma mulher pode ter 20 filhos - é muito diferente. Então existem diferenças significativas entre homens e mulheres, existem
diferenças e elas têm que ser vistas. Contudo, se formos um pouquinho mais fundo, do ponto
de vista absoluto somos uma coisa só. A humanidade não vive sem homens e
mulheres, você não pode querer excluir um lado.
Nós talvez estejamos vendo as coisas de forma
torcida por conta dos discursos: “ah, são iguais, vamos tratar todos como
iguais”. Não é verdade que somos iguais. O que o budismo diz é que somos
interconectados e interdependentes, que nós dependemos um do outro, que não podemos
excluir o outro. A torcida inglesa não pode excluir a russa. Só existe
jogo porque existem times, e, se eles se destruírem, acaba até o interesse pelo
esporte em si, embora a competição em si seja, a meus olhos, um pouco tola,
porque é uma ritualização da guerra. Simbolizamos e então se tornou uma guerra
civilizada. As pessoas esquecem a civilização e entram numa guerra aberta.
São muitas distorções de pensamento que
interferem na nossa relação com o mundo. Por exemplo, há pessoas que apreciam o
canto de um pássaro, e por isso o aprisionam em
uma gaiola, isso é cegueira humana, não tem sentido nenhum.