(continuação)
A respeito do segundo passo, comenta Sekida: “Quando, a partir do primeiro passo, a prática do zazen começa a encaminhar-se, ao iniciar o segundo, “encontrando as pegadas”, ele vê como a mente começa a aquietar-se e, vê agora, com surpresa, que durante todo o tempo seu estado mental normal era revolto e agitado e que não se dava conta disso. Começa a perceber que vinha sofrendo de um vago e inquieto sentimento cuja origem não conseguia precisar. Porém, agora que pratica zazen, se acha livre desse estado em grande medida, vê que o zazen pode ser um meio de aquietar uma mente preocupada. Quando deu começo à prática na simples técnica de contar a respiração, ficou perplexo ao ver que não era nada fácil, mas depois de esforços tenazes, vai sendo capaz de manter focada sua mente dispersa e gradualmente começa a pôr em ordem a atividade de sua consciência, dando-se conta de que uma nova dimensão mental começa a atuar, mas ainda está longe de experimentar um kensho genuíno”.
Quando começamos no zazen, esse segundo estágio pode demorar muito tempo, porque basta que nos sentemos em zazen e nos acostumemos a nos distrair, a pensar, a viajar para trás e para frente, e podemos continuar fazendo isso durante anos: sentar em zazen para se acalmar, mas com a mente viajando pra frente e pra trás. Deixamos isso acontecer e não conseguimos ficar no momento presente só ouvindo os sons, só entrando em samadhi, em concentração. É por isso que a primeira prática é conseguir um estado de samadhi: sentar e ficar naquele momento, pegar a mente viajante e a cada instante trazê-la de volta; isso é muito difícil. Então, não basta sentar quieto, é necessário esse esforço mental, uma luta real pra trazer a mente de volta, estar presente, não se deixar distrair. O sesshin é o melhor momento para isso, pois repetimos um zazen após outro.