quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Satori - O nono estágio
(continuação)
No nono estágio, voltando à fonte, “basta que surja alguém da condição “nem boi nem homem”, para saber que ele voltou simplesmente à fonte. Num simples estalo a pessoa já se encontra no cálido e brilhante sol da primavera com as rosas que florescem, os pássaros cantando e a gente cochilando sobre a relva. Se alguém se fixar bem na cena, perceberá que é o mesmo mundo velho que viu ontem. As ladeiras cobertas de cerejeiras em flor, os vales invadidos pelas flores da primavera, mas cada flor tem seu próprio rosto e fala com você. As coisas que ele vê, os sons que ouve, são todos Budhas. O antigo modo habitual de consciência caiu e você voltou para a terra pura.
Antes de alcançar esse estágio ele teve de passar pelo ”nem boi nem homem”. Primeiro penetrou o interior de si mesmo, uma por uma, foram se descascando as camadas da cebola até ficar reduzida a nada. Isso é o samadhi absoluto. Mas agora você está no samadhi positivo no qual a consciência está ativa. Nesse estágio de “voltando à fonte” o que se experimenta é idêntico, em certo modo, ao experimentado no terceiro estágio, “encontrando o boi”. Porém há toda a diferença do mundo no grau de profundidade.
Tem um ditado zen que diz: “sempre indo e vindo como um ioiô, do princípio ao fim”. Os logros da pessoa se aprofundam retornando repetidamente ao princípio, ao estado de principiante e logo traçando novamente o caminho já percorrido.
Deste modo, sua maturidade se torna incomensuravelmente firme. Hakuin Zenji nos diz que com mais de sessenta anos teve o satori de novo”. Nos comentários de Sekida ele diz que no estado anterior se realizou uma total e decisiva purificação da consciência e se dragaram os resíduos acumulados ao longo de incontáveis éons. “Éon” é uma palavra hindu para designar um tempo muito longo. Um “éon” é como se fosse um dia universal. Um conto antigo diz, “imaginem a montanha mais alta, de cem em cem anos, um pássaro vem com uma peça de tecido da mais fina seda e passa no topo do monte. Quando o monte estiver desgastado, um kalpa se terá passado”. Muitos kalpas formam um éon.
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