quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Descobrindo que a iluminação é possível
(continuação)
Pergunta: (...) Essa percepção do rabo e das patas pode ocorrer sem que a pessoa se dê conta de que “seguiu” isso?
Monge Genshô: Não propriamente. O que pode acontecer é que seja uma mera lembrança, você tem uma pequena experiência e, naquele momento, ela é muito significativa. Depois você lembra dela e pensa: “Será que era uma fantasia, será que foi um êxtase, será um pouco uma alucinação, porque estava num treinamento tão forte?” Você sabe, mas é uma memória como se fosse vinda de outra pessoa e você não a recupera. É como lembrar-se de uma vez: “Ah, uma vez estive apaixonado, foi tão bom, mas agora não estou, não tenho nenhuma paixão, nenhum amor na vida”. Aí você se lembra do sentimento anterior, mas não tem esse sentimento,você não o recupera, ele está morto dentro de você. Então, uma das características do Kensho é essa evanescência, você tem a experiência, mas ela se esvai, você não é dono dela. Uma iluminação genuína, por sua vez, é permanente. Mudou tudo, realmente, não foi só um vislumbrar. Agora esse vislumbrar é muito importante, porque você está aqui no sesshin, faz meditação e, de repente, tem alguma experiência; simplesmente, olhando para fora, vê tudo maravilhoso. Esse pequeno instante de maravilha já é um vislumbre, e você descobre: “Eu posso atingir uma mente assim” - e pensa: “Ah se eu tivesse uma mente assim todo o tempo!” Então isso é muito importante, porque não é necessário. A partir do momento em que você está no terceiro estágio, depois que você vislumbrou o rabo e as patas, você sabe que o boi existe, que a iluminação é possível.