sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Terapia psicológica e o zen budismo
Pergunta – Retomando o “eu”. Tenho feito, paralelamente, um trabalho de autoconhecimento através da psicologia. Tenho lido e refletido a respeito de o que dentro desses conceitos é chamado de “eu superior” e “eu inferior”. Sem percebermos, vamos colocando máscaras, pela própria necessidade social, e ao tentar chegar a essa compreensão de o que é realmente “eu”, temos também que nos posicionar de diferentes formas e maneiras. Eu poderia me aproximar um pouco dessa explicação que o senhor está passando sobre o budismo com conceitos da psicologia?
Monge Gensho – Limitadamente. Porque o método da psicologia está baseado na noção do eu, sem jamais considerar o vazio inerente a todos e o fato de que todas as coisas são vazias de um “eu”. A psicologia opera tentando adaptar o homem e fazê-lo funcionar melhor nesse mundo. O budismo não tem esse método.
O budismo descarta todos os métodos filosóficos e mergulha numa experiência direta, mas isso não significa que exista uma oposição entre psicologia e budismo. Seus objetivos é que são muito diferentes. Os objetivos da psicologia são de integração, adaptação, compreensão, classificação, através de uma mente classificatória e discriminativa. O budismo quer descartar esse tipo de mente, descartar uma mente conceitual, pois quer mergulhar numa experiência direta com a unidade. Se você quiser usar palavras cristãs, poderíamos dizer que o budismo deseja que o homem tenha experiência divina direta. Podemos dizer, então, que a psicologia opera até determinado nível com determinado objetivo e o budismo corre em paralelo com outro objetivo muito diferente, a iluminação. Não interessa ao budismo adaptar o homem ao mundo, pelo contrário, ele pretende transformar o homem num outro ser, internamente num outro indivíduo - que aos olhos do mundo pode parecer perfeitamente louco. Tenho consciência de que muitas pessoas que me conheceram no passado como executivo de empresa, hoje têm certeza de que enlouqueci. No nosso mundo moderno já existe um entendimento disso, não é a mesma coisa de cinquenta anos atrás.
Marcadores:
adaptar,
budismo,
conceitual,
conhecimento,
eu,
executivo,
filosofia,
homem,
iluminação,
loucura,
mente,
Mundo,
psicanálise,
Psicologia,
terapia,
zen