sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Presos a repetição
Pergunta – Sobre a necessidade de dissolver o eu para que não retornarmos, mesmo persistindo alguma ignorância, seria possível não voltar?
Monge Gensho – Porque você, ao ter essa noção de um eu e ao manter a coesão de todas as coisas que estão agregadas a um eu (seus desejos e impulsos), por causa disso, por causa de seu apego ao seu eu, você não consegue evitar querer manifestá-lo, e o instrumento de nascer, ter um corpo e viver, é muito atraente. Já que você gosta das coisas da vida - comer, fazer amor, ter filhos, possuir coisas -, naturalmente você se encaminha para um nascimento. Por estar muito apegado a essas coisas, você não consegue evitar tudo isso.
Assim, é muito difícil sair daqui. As pessoas que pensam que podem sair daqui através da morte, por exemplo, aquelas que pensam que a vida é muito difícil e sofrida e se suicidam, tudo o que elas conseguem é repetir outra vida exatamente igual e ainda com um impulso suicida. Não existe nenhuma saída fácil. Uma vez li um livro, (Shantaram) sobre um homem, que metido num grande problema de sofrimento, na Índia, vai para uma casa onde lhe injetam drogas na veia. Ele vive, então, mergulhado num sonho, anestesiado pelas drogas, porém, isso não é solução, pois ele continua nesse mundo e dele não consegue sair. Mesmo que pareça, durante o momento em que está drogado, que ele saiu dos problemas, está sempre retornando. De certa maneira, é como se estivéssemos prisioneiros dessa repetição. Aliás, examinem suas vidas, vejam se não cometeram os mesmos erros, repetidas vezes, também.
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