Vamos falar um pouco sobre as motivações originais de Buda, porque suas motivações originais são as motivações de todos nós. Quando paramos para pensar, aqueles que pensam mais profundamente se perguntam se a vida é só isso. Uma vez vi uma criança perguntar “Por que eu caí nesse mundo?” Se refletirmos um pouco, nos daremos conta de que precisamos de um sentido e de um valor para a vida; se achamos que nossa vida não tem um significado, nos sentimos perdidos e deprimidos. Parece que a depressão é um dos grandes males de nossa era, porque, repentinamente, a pessoa tem a impressão de que sua vida não tem significado e que não faz sentido viver.
Nós não podemos ser somente uma máquina de processamento de alimento, uma fábrica de adubos. Este não pode ser esse o único sentido da existência. Surge, então, a necessidade de divertir-se, de distrair-se ou de entreter-se. Estas expressões são usadas a todo o momento, como se isso desse sentido à vida. Saímos, vamos a festas, bebemos e conversamos, para nos transformarmos em pessoas alegres, e de alguma maneira, nos sentirmos vivos. Isso pode ser embriagador durante algum tempo, mas, depois, vem um grande sentimento de vazio, de solidão; nos sentimos perdidos.
Procuramos então amores, para buscar dar significado à vida. De novo, em vez de o significado da vida estar dentro da pessoa, ele está no outro. Como procuramos em outra pessoa o significado da nossa vida, em algum momento, inevitavelmente, haverá sofrimento e infelicidade. O outro não pode ser suficiente, pois ele também tem suas demandas, e também os amores acabam, e na melhor das hipóteses, a morte nos separa.
(continua)