quarta-feira, 27 de novembro de 2013
A vida se mostra a cada passo
Nós pensamos em alcançar ou fazer algo e isso cria ansiedade e expectativa. A vida não é para ser vivida desta forma, impondo à vida nossos projetos pessoais. Talvez o projeto da vida seja diferente. Vamos construindo nossa vida com nosso caminhar. Quando existe um projeto, este cria um conflito, pois irei forçar a vida a se coadunar ao meu projeto. Temos que aceitar a vida tal como se apresenta, pois talvez meu projeto não seja possível dentro da vida.
O mais famoso físico da era moderna, Stephen Hawking, tem uma doença degenerativa que lhe paralisou o corpo inteiro e se comunica através de um dispositivo de geração de fala que lhe permite ditar seus livros, dar palestras e entrevistas. Quantas pessoas no mundo têm um problema infinitamente menor que esse, mas que é suficiente para impedir que essa pessoa faça algo em sua vida? Temos no Brasil um famoso pianista, João Carlos Martins, que após alguns acidentes e uma agressão física na Bulgária, onde lhe bateram com uma barra de ferro na cabeça acarretando um problema neurológico, que fez com que perdesse os movimentos das mãos e fosse impedido de continuar a tocar piano. Ele desistiu da musica? Não, tornou-se um maestro e rege uma orquestra. Ele aceitou a vida tal como ela se apresentou.
Nós, com nossos corpos e mentes perfeitos, nos incomodamos com situações, palavras e atitudes e não enxergamos que temos que nos adaptar ao mundo e não ele a nós. Durante milênios a Escola Zen vem desenvolvendo esse tipo de treinamento que estamos realizando. Antes de criticarmos o modelo da sangha, modelo de aceitação, obediência e silêncio, modelo de destruição do ego, temos que nos lembrar que são mais de mil anos de trabalho de muitos mestres para desenvolver esse tipo especifico de treinamento. Por quê os mestres ensinam um dia de um jeito e no outro dia mudam? Para que ninguém se agarre às instruções, métodos, formas e pensem que elas são a essência do Zen. São apenas instrumentos de treinamento. Mudar as formas é um ensinamento precioso que diz para que não nos agarremos, não existe certo e errado ou tem que ser feito dessa ou daquela maneira.
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