terça-feira, 17 de dezembro de 2013

SHUSHOGI II




TEXTO
“Vocês devem evitar se associar àquelas pessoas deludidas neste mundo que são ignorantes da lei da causalidade e retribuição cármica”.

Comentários de Genshô Sensei

Pessoas deludidas são as pessoas que estão mergulhadas numa ilusão tão profunda que não percebem que é ilusão. Na ilusão você sabe que está iludido, você vai ao cinema e ao ver o filme sabe que é uma projeção e que as pessoas na tela são atores. Ainda assim você pode se emocionar e chorar, mas mesmo sendo arrastado pelas emoções você sabe que se trata de ilusão.

A delusão é mais profunda, pois você está metido dentro do fato e sente que aquilo é verdadeiro, não percebe que é ilusão. Como agora que estamos aqui olhando uns para os outros, isso é uma delusão, um sonho nítido. Sou um ser de sonho falando para seres de sonho e esse acontecimento tem a consistência de um sonho. Pensamos que isso seja a vida de verdade, mas não é, é um fenômeno dentro do universo. Tem uma realidade, mas dentro do contexto da eternidade é um sonho. Se nos associamos à outras pessoas que pensam que esse sonho é uma realidade, seremos arrastados por essa noção. Retribuição cármica é o que acontece quando caminhamos sobre o chão de nossas ações, ou seja, nossas ações pregressas constroem a nossa vida. Nossa vida é fruto das nossas ações.

TEXTO
“Essas pessoas não sabem da existência dos três estágios do tempo e são incapazes de distinguir o bem do mal. A lei da causalidade, entretanto, é ao mesmo tempo clara e impessoal: os que fazem o mal inevitavelmente caem (sofrimento), os que fazem o bem inevitavelmente ascendem (felicidade). Se assim não fosse, os vários budas não teriam surgido neste mundo, nem teria Bodhidharma ido para a China. A retribuição de bem e mal ocorre em três diferentes períodos no tempo: primeiro, a retribuição experimentada na vida presente; segundo, a retribuição na vida seguinte a esta; terceiro, a retribuição em vidas subsequentes”.

Comentários de Genshô Sensei

Está implícito que existe continuidade e que nosso carma continua se manifestando. Exatamente por existir continuidade é que existe retribuição cármica, nada que acontece é um efeito sem causa. Não parece lógico que estejamos aqui se não houvesse um passado que fez com que sentíssemos um impulso para estarmos aqui. Estarmos reunidos ouvindo o Dharma é uma marca cármica que faz com que a pessoa se sinta atraída por esse assunto, mas para que ele surja é necessário tê-lo plantado antes. Para olhar para o Dharma e sentar-se de frente para uma parede precisa ter marca cármica. Sempre há retribuição, pode não acontecer nada agora, mas depois acontecerá.