terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Só fale do Dharma onde há respeito
Pergunta – Como é esta questão de não ser avarento com o Dharma?
Monge Genshô – O ensinamento é precioso, é uma sabedoria. Quando você tiver a oportunidade de oferecer uma palavra do Dharma você deve fazê-lo. Se você se nega pensando que não irá adiantar de nada, isso é ser avarento com o Dharma, não ajudar os outros com a sabedoria que obteve. Por outro lado temos que ser cuidadosos, pois também não é aconselhável falar do Dharma em locais ou com pessoas que você sabe que não irão respeitar o ensinamento. E com relação aos bens materiais, desde que você não vá prejudicar a você ou sua família, deve sempre ajudar aqueles que mais necessitam.
Pergunta – Quais são os Três Preceitos Puros?
Monge Genshô – Fazer o bem, evitar o mal e conferir abundantes benefícios a todas as criaturas vivas. Em razão desse foco é que alguns budistas se tornam vegetarianos, porque não desejam colaborar com o sofrimento de criaturas vivas. Os preceitos são orientações e todos se incluem. Se você quiser resumi-los poderá fazer como Jesus Cristo disse: “Amai-vos uns aos outros”. A diferença é que o cristianismo está focado nos outros homens e o budismo em todas as criaturas. A frase de Jesus no budismo ficaria “Amai todas as criaturas como se fosse você mesmo”.
Pergunta – Tem uma parte que fala em não se deixar levar pela raiva, como se faz isso?
Monge Genshô – Normalmente não embarcando no sentimento e na agressão do outro, mas existem momentos em que uma justa ira é necessária, por exemplo, alguém entra aqui e começa a insultar a todos nós. Nesse momento eu irei levantar a voz e ser severo e tentar lhe mostrar sua inconveniência. Mas não devo me deixar levar por um sentimento de raiva contra a pessoa em si, porque o ato dela é errado, mas a pessoa está sendo arrastada por uma ilusão, eu que não estou entendendo tudo que existe por trás do que está acontecendo com ela. Em geral não sabemos o que se passa com o outro e temos raiva.
Temos um exemplo bom no momento atual do país. Estamos vendo várias manifestações, às vezes com um milhão de pessoas nas ruas, porém, no meio destes há várias pessoas com sentimentos agressivos e de vandalismo. Essas pessoas é como se tivessem vindo do mundo animal, talvez sua primeira vida humana, cheia de ignorância e não compreende que estão fazendo mal a si mesmos e essa obscuridade é tão grande que é como se fosse uma criança inocente.
Mas nossa primeira reação ao ver aqueles atos é de repúdio e raiva. O mesmo pensamento temos contra as pessoas que cometem crimes hediondos contra crianças, é muito difícil não sentirmos raiva nesses momentos. Temos que entender que são criaturas do mundo dos infernos sem qualquer tipo de compaixão. Se fôssemos capazes de entender, teríamos compaixão por essas pessoas, pois o carma resultante desse tipo de crime é muito ruim o que resultará em grande sofrimento, senão nesta vida, nas próximas. Quando vemos crianças sofrerem com doenças terríveis e dolorosas nos perguntamos o porquê disso, a resposta é: carma. Há grande carma para que isso aconteça, mas aquele ser se sente inocente e existem as consequências de atos passados que se você não consertar nessa vida, sofrerá na próxima.