O budista pode dizer “eu não acredito em nada”
e não tem problema nenhum. Se algum aluno vem aqui e diz assim: “Eu não
acredito em nada”, eu digo: “Isso não tem problema nenhum. Você acredita que
vale a pena experimentar sentar em zazen?”. Se ele responde: “ah, eu posso
tentar”, eu digo: “então confie em mim e sente-se”. Só isso, só é necessária essa
confiança. Quando ele vai lá e se senta, se ele tiver uma experiência com a
própria mente e disser: “ah! esse método funciona”, pronto, não precisamos mais
de fé nenhuma, porque nós já estamos tratando do terreno da experiência. Então,
o budismo se baseia na experiência. O zen, principalmente, é experiencial e não
é baseado em uma fé. É isso que nós podemos ensinar para nossos alunos:
“experimente, o resto a gente conversa depois”. Até porque, se você começa a
conversar, normalmente as pessoas se sentem muito desacorçoadas, porque você
retira tudo no qual elas sempre se apoiaram. “Ah, eu sempre acreditei em uma
vida depois da morte”, “é, pois é, a vida depois da morte está difícil...”
(risos). Ou pensar em uma alma, “me mostra a tua alma”, como disse Bodhidharma,
ou espírito, ou numa divindade para quem você pede coisas.
[Trecho de Palestra proferida por Monge Genshô Sensei]