Por que a divindade atende um e
não atende outro? Por que as coisas são assim? Por que o mundo é assim? Você
não consegue defender de verdade isto e acaba arrumando desculpas como o
livre-arbítrio. O que é livre-arbítrio, na verdade? É uma tentativa de colocar
no homem, na criatura, a culpa de um suposto criador.
Eu estava falando para o
meu filho de 10 anos sobre esse assunto e eu perguntei a ele: “se você colocar
um cavalo dentro de uma loja de cristais, largar ele lá dentro e for embora, o
que acontece?”. Ele respondeu: “ah, o cavalo vai se mexer e vai quebrar tudo”.
“Ah, sim, mas a culpa não é sua que colocou o cavalo lá, é do livre-arbítrio do
cavalo, não é? Ele poderia ter ficado imóvel”. Isso tem lógica? Alguém diria
isso? Não. Então, se o homem, colocado na Terra, cometeu coisas ruins e havia
alguém que o colocou aqui, esse alguém,
se tinha sabedoria, sabia o que ia acontecer, então é tão responsável como
aquele sujeito que botou o cavalo dentro da loja de cristais. Então, o
livre-arbítrio é uma solução falsa também. Por isso, quando alguém fala em
livre arbítrio, eu sempre “hum (suspiro), e agora?”. Começo a explicar e desisto.
Então, quando ouvirem a questão do livre-arbítrio, vocês sempre pensem isso. É
simples, não é complicado; é uma desculpa para retirar de um deus criador a
responsabilidade pela existência do mal.
Então havia duas soluções
e elas foram usadas concomitantemente. Primeira: tem um deus do bem e um deus
do mal, e o deus do mal, então, compete com o deus do bem, por isso estão
sempre acontecendo coisas ruins e boas, e isso cria uma dualidade de um deus
duplo. Algumas religiões foram bem específicas sobre isso, como o maniqueísmo.
Bem e mal. Ou, a segunda opção: você cria o livre-arbítrio. Normalmente, nós
temos um deus criador, livre-arbítrio e ainda temos o deus do mal, que o deus
do bem não consegue controlar.