quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Não reverenciamos a pessoa mas a linhagem




Pergunta – Eu só fiz essa prática quando fui num sesshin em Porto Alegre, foi um dia. Mas pelo que entendi a prostração não é para a imagem do altar, é você se reconhecer como...É isso?

Monge Genshô –  Também é isso. A estátua de Buda simboliza uma determinada coisa. A prostração é para o que ela representa, mas você também tem a natureza de Buda. Até que você reconheça que todo o universo se inclina com você. Mas você precisa praticar primeiro, porque isso é conversa, falar sobre isto não é nada. Então você precisa fazer prostrações para o altar, depois reverênciass para os colegas, e quando o professor sai da sala, todos devem fazer, devem prestar reverência inclinado a cabeça. Isso é importante, senão não criamos o relacionamento com o professor.
E o professor representa uma linhagem, então reverenciamos uma linhagem de 2600 anos, vai até Buda. Essa sequencia de Buda até os dias atuais é importantíssima, porque não se perdeu, uma pessoa foi passando para outra e não se deixou cair, esse vidro não se quebrou. Muitos e muitos mestres deixaram sucessores, muitas escolas morreram nesse meio tempo, algumas não sobreviveram, nós temos a felicidade de conhecer uma escola sobrevivente. Porque de Hui Neng saíram cinco grandes escolas, só sobram duas. Todos os mestres das outras escolas, das outras linhas foram morrendo. Não resta uma única linha feminina, todas desapareceram no século XIII com a invasão muçulmana na Índia. Só sobraram linhagens masculinas de algumas escolas. Então quando uma pessoa que representa uma linhagem como essa passa, se não nos inclinamos nós não entendemos o sentido dos mantos de Buda, não reverenciamos a pessoa mas a linhagem.

Aluno –Eu penso que...

Monge Genshô – Você precisa pensar menos. Agora, meu conselho para você, pense menos, só pratique, pense menos.

Fim  (Palestra em Cuiabá decupada da gravação por Chudô San)