E claro que no início todo mundo vem para a
sangha e para a prática querendo alcançar alguma coisa, todo mundo quer seguir os
preceitos para sofrer menos, praticar para ter mais serenidade, mais paz, todos
começam assim com objetivos egóicos, mas se você sentar em zazen, só sentar em
zazen, todo este esforço, esta dor nos joelhos, essa dor nas costas, isso
não parece compensar, porque sesshin após sesshin, prática após prática, não
parece que você andou muito para a frente, então não funciona bem para querer “adquirir
algo”.
A prática começa a ficar bonita quando a
gente pergunta para o aluno: “porque você continua sentando?”, e ele diz: “eu não
sei mais, não consigo nada, mas continuo indo ao sesshin, indo na sanga, eu não
alcancei nada e já perdi a esperança”. E quando ele perde a esperança, aí sim
fica muito bom, fica muito melhor, você não conseguiu nada, mas vai praticar
para ajudar os outros. Ele vai para a sangha pensando
em ajudar outros, aí ele esquece de si mesmo e começa a ficar maravilhoso. Foi
isso que Dogen disse: “Praticar o Zen é estudar a si mesmo, e estudar a si
mesmo é esquecer de si mesmo, e esquecer de si mesmo é ser iluminado por
todas as coisas”. Simples.