terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Por quê atraídos?
Pergunta – Uma coisa muito difícil de eu entender é a questão do carma. Eu já andei por alguns caminhos de busca espiritual e finalmente, no Zen, eu encontrei um local de paz, um local que eu posso chamar de casa, minha pergunta é por que algumas pessoas encontraram, assim como eu, esse local e outras não? Por que alguns percebem e outros não?
Monge Genshô – As pessoas recebem o que procuram. Você se sente atraída por esse local, sentiu-se atraída pelo Dharma e pelo budismo e veio até aqui. Você ouve as palavras, as palestras e aquilo parece exatamente o que você queria ouvir. É como se fosse uma lembrança antiga, como se você tivesse chegado em casa e essa sensação é porque existe em você uma marca cármica anterior. No passado, muito provávelmente em outra vida, você ouviu o Dharma e por isso ele lhe é familiar. Você perguntou por que algumas pessoas sentem-se atraídas e outras não? Algumas vem, ficam por um tempo depois vão embora, isso é bastante natural, porque para treinar por longo tempo é necessário marca cármica forte e uma grande vontade.
As escrituras antigas dizem assim, “treinar como se seus cabelos estivessem pegando fogo”. Ou seja, com desespero pelo despertar, como foi o caso de Buda, ele desesperadamente queria encontrar a resposta, então treinou duramente para isso. As histórias dos mestres antigos são as mesmas, longo tempo de procura e treinamento duro, árduo. Por que você não desiste? Porque cria uma marca cármica profunda que faz você persistir na busca. Se essa marca não fosse suficientemente forte você ficaria um pouco e iria embora, mesmo assim a semente fica e em outra vida se manifestará. Mas isso poderá levar muito tempo. Como Buda falou, “Em outra vida quando eu ainda era um bodhisatva...”. Existe uma historia mítica que diz assim, “um Buda do passado vinha caminhando e havia uma poça de lama, então um jovem atirou-se na poça, curvou-se e colocou as mãos para cima, de forma que o Buda pôde pisar sobre suas mãos e costas e atravessar a poça, então se virou para o jovem e disse, daqui a quinhentas vidas você será um Buda”. Esse jovem era Shakyamuni Buda. Há quinhentos anos ele já era capaz de jogar-se aos pés de uma pessoa para ajuda-la a atravessar uma poça, mesmo assim levou quinhentas vidas como bodhisatva. Assim nasceu a prostração budista com as palmas para cima afim de receber os passos de Buda.