sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O zazen e a vacuidade



Pergunta – O zazen,  de que maneira ele instrumentalizaria esse caminho?

Monge Genshô – Quando você senta em zazen, já está fazendo mais do que os preceitos, você está criando uma mente ampliada, uma consciência ampliada, você senta com todos os seres, e por isso, você sentando e esquecendo de si mesmo, você começa a abranger o universo, por isso o zazen instrumentaliza o segundo passo. O primeiro passo pode ser praticado sem o zazen, poderia ser simplesmente seguir regras e isso seria apenas uma parte da prática. Alguns crêem que a prática, ou a mera prática, a repetição dos rituais e da forma é a própria iluminação, o sentar é a própria iluminação. Na nossa linhagem a iluminação não é conseguida com a simples prática da forma, mas sim através da tentativa de ir mais fundo na prática do próprio zazen. Para nós sem o zazen é impossível chegar ao terceiro passo.

Pergunta – O terceiro passo é o último?

Monge Genshô – Sim. Se você realizasse a não dualidade completamente e compreendesse o vazio completamente, você teria uma mente inteiramente iluminada. Mas isso implica em esquecer completamente seu eu.

Pergunta – Reconhecer fenômenos, o vazio é fenômeno?

Monge Genshô – Não.

Pergunta – Mas o vazio é forma?

Monge Genshô – A forma e o vazio são a mesma coisa. O vazio não é algo, a vacuidade não é uma coisa, ela não pode ser reificada, transformada em algo real. A vacuidade é a qualidade de todas as coisas serem sem um eu. O vazio é aqui e agora, esse chão, esse teto e cada pessoa sentada nessa sala. Isso tudo é a vacuidade. A vacuidade é vazia de um eu. Porque nós pensamos que temos um eu, cada um de nós aqui sentados pensamos que temos um eu sofrendo com a dor nas pernas, essa é nossa ilusão principal. Estamos sonhando que temos uma identidade e porque estamos perdidos nessa identidade, então, nesse sonho, acreditamos que somos um eu.