terça-feira, 16 de abril de 2013

A vida é que nos vive



Pergunta – Eu ouvi quando estive no ROHATSU, que mesmo estando em voto de silêncio, quando o ROSHI passa, nós devemos cumprimentar. Fazemos isso ou não?

Monge Genshô - Sim. Mesmo em SASSHU faça a reverência, mas nada diga. Quando estiver no ZENDÔ e for passar por uma fileira onde se encontra um professor, faça reverência e nunca se aproxime muito do professor. Quando estiver servindo, por exemplo, faça a reverência um pouco afastado do professor e depois aproxime-se para servir. Nunca cruzamos na sua frente, no lugar onde senta, jamais, fazemos o mesmo com relação ao altar, ele representa Buda, então o tratamos como se fosse Buda. É você que faz o mestre, não é ele que se faz, ele só é mestre porque tem discípulo. Não é uma via de mão única, é uma via de mão dupla. Você só consegue ter um mestre se você o vir como mestre. Se você não o vir como mestre ele será uma pessoa comum.

Pergunta – Uma coisa que o Senhor disse lá dentro eu achei muito bonito, “não vivemos a vida, é a vida que nos vive”.

Monge Genshô – Isso tem muito a ver com a noção de eu. Porque temos um eu imaginamos que vivemos a vida. Se tivermos uma visão integrada do absoluto, veremos que somos uma manifestação, um fenômeno da própria vacuidade, nós somos a vacuidade. Então é a vida que nos vive. Você só pensa, eu vivo a vida, porque você olha da sua perspectiva, mas a vida é ampla, grande, imensa, contínua, sempre se perpetuando. Você tem sua filha, para a vida você não cessa, você tem filhos. Nossas mãos são nossos ancestrais, eles estão aqui. Quando sua filha olha para a mão dela, você está presente. Mesmo quando você for embora, você continua, porque a vida é que vive você. Nós pensamos que nascemos e morremos, essa é nossa ilusão, se nascêssemos e morressemos não seriamos praticamente nada, é a mesma ilusão de ondas no mar pensando que elas são algo, são só manifestação do mar, as ondas são o mar, é a mesma coisa, nós somos a vida, não somos “eus”, somos algo muito maior perdidos e estamos perdidos em nossos “eus”, por isso pensamos que vivemos a vida e não é assim, é a vida que nos vive. É o mar que tem ondas que fazem rumor, é o rumor do mar, não das ondas, é o mar que faz rumor.