segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Fazemos para os vivos
Pergunta – O budismo tem a lei do carma e tudo está sujeito a ele?
Monge Genshô – Sim, pensamos que a natureza tenha a lei do carma. Carma significa ação e toda ação tem uma consequência. Pensar que não seja dessa forma seria contrariar as evidências.
Pergunta – Sim, mas quero dizer não somente carma do que fazemos agora e que irá repercutir no futuro, mas também o que trazemos de outras vidas.
Monge Genshô – Se todo efeito tem uma causa, você não pode pensar que um efeito vem de graça. Não necessariamente o que acontece agora nessa vida tem uma causa também nessa vida, pode vir de outras. Não era eu, até por isso não usamos a palavra reencarnação, mas foi um passado que me gerou e sou herdeiro desses efeitos. A personalidade de cada um tem uma causa, mesmo que não nos pareça lógico, ela tem uma causa. Digamos que uma pessoa tem pavor do doar sangue. De onde vem essa marca cármica? De onde vem essa idéia de medo de doar sangue? Não é gratuito, nada é do nada. A maior indicação de que existe um passado é que temos marcas cármicas diferentes, caso contrário, seríamos como tábuas em branco. Mas não adianta nos preocuparmos em como isso funciona ou quem você foi na vida passada. Temos que nos preocupar com o agora.
Pergunta – Quando morremos só sobra a ação, certo? O carma. Gostaria de entender porque fazemos a cerimônia dos mortos, se nada mais pode salvar além do carma?
Monge Genshô – Fazemos para os vivos.