terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A outra margem e homens e mulheres


TEXTO (continuação de comentários sobre o texto clássico  Shushogi)
Acordar a mente Bodhi significa fazer voto de não atravessar para a outra margem antes que todos os seres o tenham feito. Tanto leigo como monge, vivendo nesse mundo de seres celestiais ou humanos, sujeito à dor ou prazer, todos rapidamente devem fazer esse voto.

Comentário
Atravessar para a outra margem significa sair da margem de cá, que é o Samsara, o mundo do sofrimento, atravessar o rio e chegar à margem Prajna Paramitha, a margem da sabedoria e do despertar. Mente Bodhi significa a mente compassiva, é quando chegamos à outra margem ao olharmos para trás vemos todos os outros seres sofrendo. Em vez de abandonar o barco e ir embora, voltamos e ajudamos as pessoas a atravessar o rio. Essa é a mente Bodhi, a mente que deseja ajudar as pessoas a saírem do sofrimento. A pessoa faz o voto de só entrar no Nirvana quando todos os seres tiverem atravessado o rio, isso significa renunciar à felicidade perfeita e ficar nesse mundo de sofrimento. Nosso mestre, Saikawa Roshi, pediu que fizéssemos esse voto no final do zazen, “Seres são inumeráveis, faço votos de libertá-los”.

TEXTO
Embora de aparência humilde, uma pessoa que tenha acordado para a mente Bodhi já é um professor de toda a humanidade. Até mesmo uma menina de sete anos pode se tornar uma professora budista e ser mãe compadecida de todos os seres, pois homens e mulheres são completamente iguais. Esse é um dos mais altos princípios do Caminho.

Comentário
Isso é realmente impressionante sobre o budismo. Há dois mil e seiscentos anos Buda teve a coragem de dizer que homens e mulheres são completamente iguais. Em nossos dias, em muitos lugares, homens e mulheres não são considerados iguais. Em algumas sociedades, principalmente as patriarcais, os homens podem ser sacerdotes, as mulheres não. Em algumas seitas islâmicas homens podem ir para o paraíso, as mulheres não, pois não têm alma, “são como os cães”. Também existem sociedades onde as mulheres ocupam posições privilegiadas e os homens são subalternos do ponto de vista religioso.