Bia Gonzaga perde os cabelos e torna-se a noviça Jikihô San.
Monge Genshô – Isso é uma ilusão sobre a iluminação e sobre o próprio Zen. O que é a vida senão alegrias e tristezas? Com certeza não é somente serenidade e tranquilidade. Então se você morresse nós deveríamos dar de ombros e continuar com nosso encontro sob a alegação de que vida e morte são perfeitamente naturais? Você chega com a notícia de que sua namorada que você tanto amava acabou de morrer, então deveríamos dizer que tudo bem, afinal de contas sob o ponto de vista absoluto vida e morte não existem? É essa a atitude que você esperaria de nós ou você desejaria ser tratado de outra forma? Eu diria a você que sei o que é perder alguém que se ama, então você choraria e eu choraria junto com você.
Aluno – Ainda não compreendi muito bem, o ser que se iluminou por completo, como Buda, sente exatamente igual a nós?
Monge Genshô – Ele despertou, ele sabe. Sabe o que é fantasia, mesmo assim ele está vivo, fica doente, sofre, se entristece porque morreu Shariputra seu grande aluno.
Aluno – A diferença é que ele consegue ver o outro lado da moeda?
Monge Genshô – Ele consegue ver os dois lados da moeda. Se não visse um dos lados seria como se estivesse morto. Se você está vivo os dois lados existem.
Aluno – Apesar de estar triste ou feliz ele consegue olhar também o outro lado. Estava conversando com meu marido e achei reconfortante o que o Roshi disse - “Se estiver triste, chore, se estiver feliz sorria”. Nós somos humanos e estamos nesse mundo cheio de emoções, então foi um alívio escutar isso, pois não preciso abrir mão dos meus sentimentos.
Monge Genshô – Aquele que não sente é como se estivesse morto. Quando você conhece o Roshi percebe o quão emotivo ele é. Em minha experiência percebo que com o tempo de prática no Zen, as pessoas não vão ficando desligadas do mundo e sim muito mais emotivas.