E
na prática do Zen, nós escolhemos professores, e quando nós escolhemos o
professor no início, você tem que aceitar o professor completamente. Como eu
estava falando outro dia, nó aceitamos o professor depois de examiná-lo durante
longo tempo, não é apressadamente. Eu o conheci, vi, eu aceitei o professor. E
quando eu aceito o professor durante o tempo do treinamento eu tenho que agir
como um aluno de música, um aluno de um esporte. O que o instrutor diz eu faço
e faço daquela maneira. Não tenho a condição de ficar discutindo cada detalhe.
Ah,
eu não gostei assim, ‘eu acho” que devo praticar assim, eu acho que esse
dedilhado no instrumento não deve ser esse deve ser outro, o professor não tá
explicando direito, não é? O professor adiantou mais aquele aluno, deu outro
exercício para aquele aluno e não deu o mesmo para mim. Ah, o professor me
criticou. Nós não fazemos isso com os instrutores, você tem que aceitar o
instrutor ou trocar de instrutor.
Quando
você for um virtuose na música, quando você tiver se graduado
completamente, ou, no Zen, quando você for um Sensei. Quando o mestre lhe dá a
transmissão e diz: “Confio em você, você tem a mesma mente que eu”, quando
acontece isto, então o discípulo pode chegar no mestre e dizer: “Ah, eu acho
que as coisas poderiam ser feitas dessa outra forma”.
Mas
isso demora anos, muitos anos...e se eu vou pensar na minha experiência
pessoal, eu continuo sentando na frente do meu Mestre e o que ele diz eu aceito
tal como ele diz. E se eu não concordo, eu espero meses digerindo, quem sabe
ele tem razão e eu estou errado. Meses, meses, meses para voltar aquele
assunto. Às vezes volto no assunto duas ou três vezes e recebo a mesma
resposta, e ai tudo que eu faço é me calar. Porque a essência da harmonia nós
praticamos nos sesshins.
O
que fazemos no sesshin?
Primeira
regra do sesshin : Silêncio.
Primeira
regra para os monges que estão praticando e para os que não são professores:
Silêncio.
Nós dizemos nos mosteiros para os monges noviços: “cale a boca e limpe o chão”. Porque não é hora dele dizer, ter opinião, não é hora. É hora dele tentar entender e tentar entender “a prática”.
Nós dizemos nos mosteiros para os monges noviços: “cale a boca e limpe o chão”. Porque não é hora dele dizer, ter opinião, não é hora. É hora dele tentar entender e tentar entender “a prática”.
Então
nós sentamos nos nossos zafus quietamente, e não julgamos. Sentamos junto com
todos os seres e ficamos ali.
Se
nós formos capazes de limpar a nossa mente de todas as considerações e
julgamentos sobre passado, futuro, se formos capazes de esquecer essa distinção
entre “eu e o outro”, então nós criaremos um caminho que permite passo a passo
nos aproximarmos de uma compreensão mais correta. Se nós fazemos assim, em
silêncio, a Sangha consegue permanecer em harmonia, e a Sangha em harmonia é o
ambiente da prática realmente.
A
verdade é que não dá tempo para você ficar discutindo cada pequeno detalhe que
o aluno não entende. Esta é então no fundo a lição de hoje da harmonia. A raiz
da harmonia é o silêncio.