terça-feira, 12 de março de 2013

Unificar eu e objeto



(texto)” Vossa compreensão espiritual da coisa será de um espelho refletor de algo, como a lua se reflete na superfície da água, posto que o espelho e a coisa refletida, ou a água e a lua, seguem sendo duas entidades que conservam cada uma sua própria identidade. Na unificação espiritual de vocês e de uma coisa, ao contrário, se um dos dois se manifesta, o outro desaparece totalmente fundido no primeiro, o que quer dizer que na situação que aqui se trata o eu desaparece completamente e somente se manifesta o objeto. Então disciplinar-se no caminho de Buda não significa mais que disciplinar-se ante o próprio ser, disciplinar-se frente ao próprio ser, por sua vez, significa somente esquecer, esquecer o próprio ser significa unicamente ser iluminado pelas coisas exteriores e ser iluminado pelas coisas exteriores não é outra coisa que apagar as diferenças entre vosso chamado ego e os chamados egos das outras coisas.”

(comentário) Eu sei que o texto é bem difícil, mas no sesshin os textos podem ser mais complexos.

Pergunta – Isso pode vir somente para a espécie humana? Ou pode vir também para animais?

Monge Genshô – O reino animal tem uma característica de obscuridade. Da qual muitos seres humanos ainda partilham em grande parte. Então faltando clareza mental não é possível sentir isso. Então pela sua própria natureza um animal esta centrado em si, na sua própria experiência, reagindo e focado em si. Então essa obscuridade impede o passo da realização espiritual, essa é uma característica humana. Em termos biológicos existem algumas teorias que dizem que uma colméia de abelhas ou um formigueiro não são vários seres, eles formam um ser único dividido em diferentes funções. Existe uma unicidade extremamente grande, que nós no sesshin (retiro) tentamos alcançar de alguma forma. Tentamos entender e aceitar completamente sem protestar, sem reclamar.