terça-feira, 1 de julho de 2014
Sumeda e a transformação
Pergunta – O senhor tinha comentado a questão da gente ser santo ou não, mas ao mesmo tempo a gente sempre tem a vontade de uma transformação, mas às vezes, cometemos inúmeros erros e não conseguimos ver os resultados que esperamos. E então pensamos: “não está dando certo”. Existe um tempo de transformação?
Monge Genshô -Bom, vamos dizer que um homem muito elevado que nós tivemos na nossa era, foi Buda. Muito, muito tempo atrás, havia um homem chamado Sumeda, ele era um praticante, e ele encontrou um Buda de uma era anterior, chamado Dipankara, e havia uma poça no meio do caminho, e ele se ajoelhou e colocou as mãos assim (ao lado da cabeça), para receber os passos do Buda Dipankara, que passou sobre o corpo dele. E virou, olhou para Sumeda e disse, “Sumeda, daqui a 500 vidas, você será um Buda”. E esse homem excepcional, 500 vidas de Bodhisattva depois, tornou-se Shakyamuni Buda. Quando ele se tornou Shakyamuni Buda, ele lembrou-se das 500 vidas, então, não tenha pressa. 500 vidas para Buda!
Mas eu posso dizer uma outra coisa: nessa vida dá pra mudar muita coisa, muita coisa.
Veja monja Sodô, ela esperou 4 anos pra ser Monja, porque depois de 2 anos ela perdeu a paciência comigo, no dia seguinte voltou, pediu desculpas e disse - “Monge eu queria voltar, como eu faço”? E eu disse: “Mais dois anos”. E esses tempos nós estávamos em retiro e ela contou uma história de uma madeira que a gente bate com martelo para chamar os alunos, chama-se “Mopan”, e eu gostei muito da história dela, do que ela gostaria de fazer comigo, conte monja, o que acontecia.
Monja Sodô – Eu sempre batia no Mopan com muita energia, muita força, e muitas vezes eu pensava que era a cabeça do Sensei!
Então, ela batia simbolicamente na minha cabeça com o martelo. O que é interessante nesse processo todo é a transformação de tudo, do sentimento e tudo o mais, porque essa transformação nas nossas vidas é possível, muita coisa nós podemos transformar na nossa vida. Meus sonhos do passado são muito diferentes dos sonhos de hoje, eu costumo ter sonhos muito bonitos, muito bons, porque eu sonho com o Dharma, eu sonho que estou aqui, falando com vocês, que surgiu alguma pergunta interessante ou qualquer coisa assim. Eu sonho coisas assim. No passado, eu sonhava com brigas, dava um soco em alguém e ele não sentia, eu pensava: “minha técnica não está boa”! Então com o tempo você muda o conteúdo da sua mente, vai mudando e se alterando, e aí ela vem e conta essa história, o martelo batendo no Mopan, a raiva que ela tinha de mim, e hoje ela vem e me trás chá com carinho, e se ajoelha, eu acho isso fantástico, que nós possamos construir coisas assim.
Então a prática budista, ela tem um poder transformador, acreditem nisso, porque é a experiência que nós temos vivido em nossas vidas.
Esse poder transformador da prática não é mágica, é técnica, você senta, pratica, modifica sua mente, pode modificar seu inconsciente, seu consciente, suas ações, seu carma, você pode alterar não só a sua vida quanto o mundo inteiro.