É claro que isso aqui é o ensinamento do Dharma, a
própria teoria da prática que é extremamente difícil, porque inevitavelmente as
pessoas abrem suas bocas e começam a falar, a dizer o que pensam e o que acham.
Isso nós vemos constantemente nas redes sociais não é?
Todo mundo tem uma opinião, todo mundo acha que
sabe, todo mundo quer ensinar aos professores. Mas não fazem perguntas, já saem
dizendo o que pensam. E esse é o grande problema da quantidade de atritos que
nos temos no mundo.
Porque não se pensa longamente, se sai tendo uma
opinião e depois que alguém manifestou uma opinião, tem que defender aquela
opinião com unhas e dentes porque é a “minha” opinião. No fundo isso é produto
do eu. Eu tenho a “minha” opinião.
Enquanto você não se esquecer desse “eu”, de mim
mesmo, você não cresceu, porque você está separado, não consegue ver os outros
seres como seus seres, seres iguais a você, no fundo, você mesmo, a quem você
tem que amar indistintamente e tem que procurar achar a semente do bem dentro
de todos.
Por isso o voto do Bodhisattva no fim do zazen é
sempre: “Os seres são inumeráveis eu faço votos de libertá-los todos”.
Se você faz esse voto é porque você acredita que
cada um dos seres, mesmo o pior deles, tem a semente búdica dentro de si, ou
seja, pode se libertar. Ele tem condição de se libertar. Não existe aquele ser
para ser condenado eternamente, recusado eternamente, não existe. Se você não
for capaz de tentar estender a mão a todos os seres, então você está descumprindo
o primeiro voto do Bodhisattva.