terça-feira, 2 de julho de 2013
Não pensar e o Vazio
P: Eu sei que não existe uma fórmula pra isso, mas como é complexo não pensar não é?
Monge Genshô: Não pense em não pensar. Quando se está fazendo zazen, não se trata de “não pensar”, mas sim de ficar prestando atenção completa a este momento presente, que é uma forma de pensar, não elaborando, não julgando, não conversando consigo mesmo, não usando palavras nem nada, apenas percebendo. Mas não é um “não pensar”. É pensando além do pensar e não pensar. Não se trata de não pensar, porque o cérebro continua funcionando. Ele está ali, vigilante e atento. Não é pra dormir. Quando você dorme, outra parte do cérebro toma conta e você começa a ter sonhos, que são uma atividade que não permite o zazen. O zazen precisa de vigília, de atenção.
P: A relação entre o vazio e a forma que os diferenciam do nada ou o vazio por si já é diferente do nada?
Monge Genshô: O Budismo não é niilista. Nem niilista nem eternalista, que é o seu oposto. Ele não disse “nada existe”. O vazio não é nada, porque o vazio é forma. O vazio é tudo, simultaneamente. Entao ele não é nada, certo? Não pode confundir. E não é eternalista o Budismo, porque ele não diz que as coisas duram para sempre, ou que há almas eternas. Não existe nada eterno. Absolutamente nada é eterno. Tudo está em constante mudança e mesmo o universo está em mudança e um dia desaparece e depois surge outro universo, porque essa é a característica das coisas. Outro dia universal surge.
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